Vocação e Fidelidade


No diálogo sobre a velhice, de Cícero, maior orador romano, encontra-se este pensamento muito apropriado para quem deseja refletir sobre sua vida cristã e humana neste mês vocacional: “Vivi de tal forma, que sinto não ter nascido em vão”.

Todo ser humano desembarca neste mundo vocacionado a ser humano. Essa é a vocação primeira e fundamental da existência humana. Os caminhos que lhe são propostos, no decurso de sua trajetória, devem conduzi-lo a tal meta. E são muitos os atalhos que ele encontra, cuja escolha depende do seu perfil pessoal e do meio onde se encontra. À medida que seleciona o certo e o percorre, cresce interiormente e integra-se melhor na sua comunidade mediante o serviço e o testemunho. E assim, de opção em opção, concretiza sua missão sobrenatural e histórica, que, conforme a antropologia cristã, faz parte do projeto divino da criação. Quando isso acontece, a pessoa realiza sua vocação e pode fazer suas as palavras de Cícero, porque está vivendo “de tal modo”, que tem a certeza de que, no fim, receberá o laurel dos grandes lutadores.

E qual é esse modo? É caminhar atento às solicitações do cotidiano, sem aguardar oportunidade de realizar façanhas notáveis. Estas, às vezes, são pedidas, mas não são o apelo mais comum no trivial da vida.

Entretanto o ser humano também está aqui para ser relativamente feliz, como antecipação de eterna bem-aventurança. E não há como viver a paz do Ressuscitado quando se deixam espaços vazios na sua vida.

D. Geraldo Majella Agnelo Cardeal Arcebispo Emérito de Salvador



Com estas palavras tão sábias e comoventes de D Geraldo, quero que o nosso jornal A Voz da Ilha, do mês de agosto, chegue às suas mãos prezado leitor e leitora, ajudando-os a realizar-se na sua vocação na certeza de que você está vivendo de tal forma que sabe não viver em vão. Agradeço Deus pelo Dom da vida, pela vida da Graça e também pela minha vocação ministerial a serviço da Igreja e do Reino e aproveito para fazer chegar a todos os vocacionados, sacerdotes, religiosas, religiosos, diáconos, seminaristas, leigos, pais e mães os meus cumprimentos e felicitações. Desejo ainda, de todo o meu coração, que as famílias sejam abençoadas na Semana Nacional de oração pelas famílias.

Fraternalmente, Pe. Paulo