Páscoa: homens novos, nova história


Ressurreição do Senhor, promessa cumprida, aliança refeita. Homens novos, conforme o projeto original da criação, em que “tudo era bom”. Começa a segunda parte de uma história em que o divino e humano se reintegram em perfeita comunhão, possibilitando a gestação de nova sociedade em que fé e vida constituem um binômio inseparável. Deu-se um salto qualitativo na evolução do universo, porque o homem é chamado a constuir-se como filho de Deus e preparar o reino messiânico já presente entre nós. A tensão gerada pelo pecado desaparece na esperança, que já é certeza, porque foram cumpridas todas as promessas de perdão e resgate.

Cristo, sinal de aliança entre Deus e o homem, é o Senhor não apenas de um povo – como Javé na antiga lei – mas de todos os povos, em todos os tempos e lugares, e convoca a humanidade a reformular seus planos à luz do grande mandamento: “Que vos ameis uns aos outros, assim, como eu vos amei”.

Agora é só dizer aos outros que fomos salvos e um mundo diferente pode ser edificado. Nesse projeto, cabe a cada um uma missão própria, intransferível e decisiva para a vitória final. Cada falha pessoal, cada fuga e omissão impedem o amadurecimento dos frutos da Páscoa, retardando o final triunfante da criação, quando todos os homens, libertos do orgulho e do egoísmo, cantarão para sempre as maravilhas de Deus. Celebrar a ressurreição é comprometer-se com a nova história de justiça, verdade, liberdade e paz.

Uma Páscoa de muitos dons para os que se alimentam na mesa do Cordeiro, com o Corpo e Sangue de Jesus.

D. Geraldo Majella Agnelo Cardeal Arcebispo de Salvador


A vida ressurge das trevas, resplandece a luz de Cristo! A Luz que é Cristo! Cristo Nosso Senhor está vivo e vivo para sempre! O sepulcro encontra-se completamente vazio. Entregando-se à morte livremente, o Senhor Jesus quis dar-nos a Vida Nova. Aleluia!

No decorrer da vida, devemos unir-nos mais e mais a Ele, para com Ele também ressuscitarmos. Sermos vitoriosos: com Ele, por Ele e para Ele! Jamais devemos deixar que os inúmeros desafi os da vida nos derrotem, nos vençam! Lembremo-nos do que disse o grande apóstolo São Paulo: se vivermos, e consequentemente, morrermos por Cristo, com Ele sempre sairemos vitoriosos! O mundo, com suas diversas formasde nos separar de Cristo, está sempre a nos querer dele afastar; todavia, Cristo, Nosso Senhor, ressuscitou, e vazia não é a nossa fé nEle muito pelo contrário: somos e queremos ser cada vez mais vitoriosos: com Ele, por Ele e para Ele!
Aleluia! Aleluia! Aleluia!
A TODOS UMA FELIZ PÁSCOA NO CRISTO RESSUSCITADO!
Fraternamente Pe. Paulo

O homem das dores e as dores dos homens


A Quaresma continua e convida-nos a olhar mais para o Homem das dores, que não poupou sofrimento a fim de resgatar para nós a filiação divina e refazer nossa aliança com o Pai. Neste tempo, a Igreja nos põe diante da cruz, propõe-nos penitência e oração, pedindo que nos associemos ao sacrifício de Jesus. Nos momentos cruéis da Paixão, Jesus se sentiu só, abandonado por amigos que convocou como parceiros da redenção: “Vocês não puderam vigiar sequer uma hora comigo?” (Mt 26, 40), e até pelo Pai, na hora extrema da morte: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?” (Mt 27,46). Até hoje, ele necessita de pessoas que sejam solidárias com sua dor, de cristãos agradecidos pelo amor infinito com que foram amados.

Mas como o cristão pode manifestar, com suas limitações, seu reconhecimento ao Homem das dores? Assumindo as dores dos homens, tanto dos que apelam para sua solidariedade como dos que se mantêm a distância, porque perderam a fé em Deus e a confiança no irmão. São muitos os carentes de afeto, teto e comida, de saúde, instrução e segurança, numa sociedade de muitas injustiças e perversa violência. Somente quando os que contemplaram a cruz de Jesus se tornam “cirineus” para os irmãos é que se fecha o círculo da salvação. Não adianta comover-se em chorar porque o Homem das dores morreu se a humanidade sofredora não descer de suas cruzes ajudada pela doação, gratuidade e serviço dos que renovaram sua fé com a prática dos exercícios quaresmais e dos que aprenderam que o amor a Deus passa pelo amor ao irmão.
D. Geraldo Majella Agnelo Cardeal Arcebispo de Salvador

Desejo que a nossa caminhada quaresmal possa nos levar a morrer com Jesus para com Ele ressuscitarmos nas festas pascais que se aproximam. A todos e todas uma Santa quaresma que nos leve a rasgar os nossos corações para o Deus da vida.

Fraternamente Pe. Paulo