O tempo não pára... E é breve


Nem bem um novo ano descortinou-se aos nossos olhos e dele já se foi o primeiro mês. É irônico pensar que quando somos crianças e jovens conspiramos contra o tempo que não passa. Uma vez adultos e cheios dos nossos afazeres e preocupações, é ele que conspira contra nós. Estamos sempre a dizer: como o tempo passa depressa.

Com este tempo que não pára e que corre decididamente para o amanhã da história reafirmamos com apóstolo Paulo: em Deus nós somos e nele nos movemos. E o nosso movimento se dá sempre na busca de celebrar o mistério pascal de Cristo e atualizá-lo pela Liturgia na vida do povo. Sendo assim, no dia 25/01 celebramos a festa da conversão de São Paulo, dentro do Ano Paulino, em que celebramos o jubileu dos dois mil anos do Apóstolo. Recordamos que naquela ocasião ele nos dizia na sua 1ª carta aos Coríntios 7,29: O tempo é breve. Sabendo disso, está na hora de arregaçarmos as mangas, alargar o coração e colocar a mão na massa, cheios de vontade, de entusiasmo e de confiança.

É com estes sentimentos, que colocamos em suas mãos o nosso primeiro jornal deste novo ano, lembrando-lhes que este mês de Fevereiro, embora seja o mais curto do ano, nem por isso é o menos carregado de datas e comemorações significativas. Tivemos o privilégio de iniciá-lo num domingo, em torno do Cristo Ressuscitado, que se fez presente conosco nos explicando as escrituras e partindo o pão para nós, como outrora aos discípulos. (da Oração Eucarística VI D).

Nele, recordamos à luz da narrativa de Marcos, que após ser batizado por João, no Jordão, tendo chamado os seus primeiros discípulos, Jesus começa a sua missão na sinagoga de Cafarnaum, onde deixa todos cheios de encantamento com o seu novo jeito de ensinar e com a autoridade com que fala e expulsa os espíritos do mal.

Já na segunda feira, dia 02, muitos iniciaram ou recomeçaram os seus estudos e/ou seus trabalhos. Esta ansiedade pode ter deixado passar despercebida, para muitos, a festa Litúrgica da Apresentação do Senhor, quando José e Maria levaram o menino-Jesus ao templo, em Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor e oferecer o sacrifício prescrito pela lei do Senhor (cf. Lc 2,22). De Jesus, Simeão vai dizer que ele é a Luz das nações e sinal de contradições. Quanto a Maria, uma espada de dor atravessará a sua alma. Já no candomblé, 02 de fevereiro é dia de festa no mar pra saúda Iemanjá. (eu só me lembro, porque o saudoso Dorival Caymmi, com suas canções, nunca me deixou esquecer).

Com certeza, os dias deste curto mês nos reservam muitas luzes, contradições e espadas de dor. É assim a nossa vida, e como o tempo passa depressa, não podemos desperdiçá-lo, é hora de se encher de um novo alento, não deixando que o vírus do desânimo nos atinja, nem na nossa vida pessoal, familiar, social e, muito menos, na nossa caminhada de fé e em nossos trabalhos pastorais. Retomemos com coragem, olhando para cima, deixando a luz do céu inundar o nosso coração.

Vale lembrar que no dia 03 é dia de São Brás, protetor contra os males da garganta. Oxalá as nossa estejam bem abertas e todo o nosso ser, saudável, para fazermos ecoar a boa nova da salvação neste ano catequético.

No dia 11 celebramos a festa de Nossa Senhora de Lourdes, é também o dia do enfermo, portanto, uma boa oportunidade para nos unirmos aos peregrinos de Lourdes. Com eles, queremos louvar a Deus bendizendo e agradecendo-lhe pela nossa saúde e pedindo-Lhe, pela Virgem de Lourdes, saúde de mente, de corpo e da alma para nós e para os nossos amados.

Mas não é só o calendário religioso que ganha espaço no mês de fevereiro, ele é também o mês do carnaval, o momento tão esperado por todos, que podemos entender como uma resiliente alegria frente a tantos dramas vividos pela humanidade. No carnaval, há quem gosta da folia, dos saudosos blocos caricatos, dos desfiles das escolas, como também há quem busca um aprofundamento na espiritualidade através de retiros, sem desmerecer aqueles que simplesmente querem um pouquinho de sossego com a família ou os amigos. Seja qual for a nossa escolha, o carnaval é bem-vindo, o que precisamos é saber usar bem da liberdade que Deus nos deu, aqui vale lembrar que ser livre é optar sempre pelo dom maior.

Por fim, passado o carnaval começa, para nós católicos, o Tempo da Quaresma, que vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É tempo para preparar a celebração da Páscoa.

Tanto na liturgia quanto na catequese litúrgica esclarece-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança ou preparação do batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais freqüência a palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal (SC109). (Diretório da Liturgia 2008, CNBB).

Iniciando o tempo da quaresma a Igreja do Brasil, desde 1964, nos propõe como apelo para uma conversão concreta, a Campanha da Fraternidade que neste ano traz como tema: Fraternidade e Segurança Pública e como lema: A paz é fruto da justiça.

Que este novo e curto mês seja de muita alegria e muitas bênçãos para todos nós.


Fraternalmente, Pe. Paulo

Díscipulos e Missionários, o sinal do menino

“Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Eis o que vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas, deitado numa manjedoura.”
Por essas palavras de Lucas (2,11-12), percebe-se ter sido necessária uma intervenção direta de Deus para que o Messias fosse identificado, em razão das circunstâncias estranhas do seu nascimento. Enquanto os poderosos nascem “em berço de ouro”, o Filho de Deus aparece vestido de pobreza. E, durante a sua permanência na terra, ele foi sempre fiel ao cenário da sua chegada. Seu pai adotivo era um carpinteiro; sua mãe, uma desconhecida jovem de Nazaré. Escolheu pescadores como primeiros parceiros para o cumprimento da sua missão. Foi sempre um defensor dos pequenos e fracos e morreu crucificado entre dois ladrões.
É muito importante refletir sobre isso, numa época em que o Natal se tornou a maior motivação consumista do ano, contrastando totalmente com os primeiros momentos da vida de Jesus — e com o tempo em que permaneceu fisicamente neste mundo. A liturgia do Advento destaca, como um dos referenciais para a preparação do Natal, João Batista - homem sóbrio, austero e despojado, que se vestia com pele de animais e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.
A Igreja, que hoje se empenha tanto por autenticidade, não concorda com as distorções da sociedade ao rememorar esse acontecimento. Por conta das orgias do consumo, muitos entendem que se preparar para a celebração do Natal é percorrer centros comerciais e supermercados, a fim de encher carrinhos com presentes - nem sempre para os mais necessitados - e abarrotar a geladeira com produtos destinados a sofisticada ceia natalina.
Infelizmente as lições que Jesus nos deu com o seu nascimento e sua vida são esquecidas. A agitação de dezembro não nos propicia tempo para a oração, a leitura e a meditação dos textos sagrados que falam do mistério de um Deus que assumiu a natureza humana e apresentou aos homens a única proposta de vida capaz de proporcionar a todos a felicidade e a paz tão desejadas. Feliz Natal!


Fonte: D. Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo de Salvador

“Entre tantos sofrimentos e motivos justificáveis de tristeza para nós nos nossos dias atuais, o Apóstolo Paulo na sua carta aos Tessalonicenses insiste: “Ficai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é, a vosso respeito, a vontade de Deus em Jesus Cristo. (...) Afastai-vos de toda espécie de maldade! Que o próprio Deus da paz vos santifique totalmente e que tudo aquilo que sois – espírito, alma, corpo – seja conservado sem mancha alguma para vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso”. 1 Ts 5,16-18. 22-24). Com estas palavras do apóstolo colocamos nas mãos dos nossos leitores o último jornal a Voz da Ilha de 2008. Queremos assim, agradecer a todos aqueles e aquelas que nos ajudaram
a confeccioná-lo e que leram, divulgaram, patrocinaram e principalmente nos deram
um retorno para que ele pudesse ser aprimorado. Como sempre, em janeiro damos uma
pausa para os nossos colaboradores e retornamos em fevereiro se Deus quiser, contando com o seu apoio e participação para que A Voz da Ilha faça eco em sua vida. A todos
os nossos paroquianos e aqueles que acompanharam a caminhada da nossa paróquia
por meio do nosso jornal ou do nosso site, agradeço de coração desejando-lhes um
Feliz e Santo Natal de Jesus e um Ano Novo cheio das bênçãos de Deus.

Fraternalmente, Pe. Paulo