Tu és sacerdote eternamente! (Hb. 5,6)


No dia 02 de julho de 1980, sete anos antes de eu me tornar padre, o Papa João Paulo II realizou várias ordenações sacerdotais no Rio de Janeiro, e na sua homilia sobre o sacerdócio ele dizia; (...) Esta hora soleneterá sem dúvida um reflexo sobre todas as que virão depois no decurso da vossa existência. Devereis voltar muitas vezes à recordação desta hora para tomar impulso para continuar, com renovado ardor e generosidade, o serviço que hoje fostes chamados a exercer na Igreja.

“Ao celebrar os 23 anos da minha ordenação sacerdotal, eu o faço com grande alegria junto aos meus paroquianos, nessa ocasião privilegiada da celebração da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (no Brasil) tomo como ponto de reflexão as palavras do Santo Padre por ocasião da sua primeira visita ao Brasil. Para que nós, eu sacerdote e vocês, o povo a quem eu sirvo, possamos compreender melhor a grandeza do sacerdócio.”

A missão do sacerdócio não é um simples título jurídico. Não consiste apenas num serviço eclesial prestado à comunidade, delegado por ela, e por isso revogável pela mesma comunidade ou renunciável por livre escolha do “funcionário”. Trata-se, ao contrário, de uma real e íntima transformação por que passou o vosso organismo sobrenatural por obra de um “sinete” divino, o “caráter” que vos habilita a agir “in persona Christi” (nas vezes de Cristo), e por isso vos qualifica em relação a Ele como instrumentos vivos da sua ação. (...) Ainda quando realiza ações que, por sua natureza são de ordem temporal, o sacerdote é sempre ministro de Deus. (...) Pelo Sacramento da Ordem, disse alguém com justeza, o sacerdote se torna efetivamente idôneo a emprestar a Jesus nosso Senhor a voz, as mãos e todo o seu ser. (...)

O nosso chamamento ao sacerdócio, assinalando o momento mais alto da nossa liberdade, provocou a grande irrevogável opção da nossa vida e, portanto, a página mais bela na história da nossa experiência humana. Nossa felicidade consiste em não depreciá-la jamais! (...)

Como os Apóstolos no Cenáculo, na trepida espera do sacerdócio, vos colocastes certamente perto de Maria Santíssima, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos. Que ela vos obtenha as graças de que mais necessitais para a vossa santificação (...) Que ela vos obtenha, sobretudo o amor, o seu amor, aquele que lhe deu a graça de gerar Cristo, para serdes capazes de cumprir a missão de gerar Cristo, nas almas. Que ela vos ensine a ser puros, como ela foi. Vos torne fieis ao chamamento divino, vos faça compreender toda a beleza, a alegria e a força de um ministério vivido sem reservas na dedicação e na imolação pelo serviço de Deus e das almas. Pedimos finalmente a Maria, para vós e para todos, que nos ajude a dizer, a seu exemplo, a grande palavra: SIM à vontade de Deus, mesmo quando dolorosa para nós. Assim seja!

Hoje, trinta anos depois e vivendo a graça de 23 anos de vida sacerdotal, eu tenho uma compreensão mais profunda do que o Papa dizia naquele dia 02 de julho de 1980, quando eu tinha apenas 18 anos de idade. Espero com a graça de Deus crescer cada dia mais nesta compreensão, tornando-me verdadeiramente, sacerdote segundo o Coração de Jesus.

A todos que com suas orações e serviços me ajudaram a viver estes 23 anos de vida sacerdotal,
peço a Deus e à Virgem Maria que os abençoe e recompense. Querido leitor, querida leitora, desejamos que o nosso jornal a Voz da Ilha, do mês de julho, seja portador de muitas bênçãos para você.

Fraternamente Pe. Paulo