Quaresma: O Retiro da Igreja


Em 17 de Fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, a Igreja começa a Quaresma, seu retiro anual de 40
dias, recordando os 40 dias que Jesus permaneceu no deserto a fim de preparar-se para cumprir
sua missão de anunciar aos seres humanos a novidade do Pai. Diz o evangelho que ele jejuou durante todo esse tempo e, no fim, sentiu fome. Aproveitando-se dessa necessidade vital, satanás
o tenta, mandando que ele transforme pedras em pão – além de fazer outras propostas lisonjeiras. Jesus reage a tudo e, depois das tentações, parte para comunicar a boa notícia da salvação.

A Quaresma é, para a Igreja, o que a permanência de 40 dias no deserto foi para o Filho de Deus: um tempo mais intenso de exercício espiritual que prepare os cristãos para celebrar os grandes mistérios cristológicos, a paixão morte, e ressurreição do Senhor. A memória desses eventos não pode ser improvisada; por isso a liturgia quaresmal, muito rica e significativa, objetiva a renovação interior do povo de Deus, para que ele possa colher e saborear os frutos da
Páscoa. mas isso só ocorrerá se, no cronograma da Quaresma, houver espaço para a conversão, para a penitência, para a oração e para a vivência da caridade.

Tais exigências não sintonizam muito com o perfil do ser humano moderno, pragmático, pouco interessado nos valores espirituais individualista e resistente a tudo que pede reforço. É necessário, portanto, que os cristãos se convertam, vivam intensamente a Quaresma, a fim de converter esta sociedade que, a passos largos, foge do ressuscitado e, cada dia mais, se distância do reino de Deus.
Dom Geraldo Magella Agnelo, Cardeal Arcebispo de Salvador. Façam uma boa leitura proveitosa deste nosso jornal. E tenham todos uma Santa Quaresma!